Chapada: Estudante de medicina natural de Ruy Barbosa se suicida na Bolívia, após fazer fortes denúncias contra o hospital, onde fazia internato

Na última, quinta-feira (14), Sebastião Peixoto Junior, natural da cidade de Ruy Barbosa/BA, foi encontrado sem vida em uma residência na cidade de Cochabamba, na Bolívia. Junior tinha 46 anos e cursava medicina em uma faculdade particular no país vizinho.

Sebastião era casado e deixa duas filhas, inclusive uma recém-nascida de quatro meses. Ele morava na Bolívia desde 2015 e faltava apenas 4 meses para concluir o internato. Por diversas vezes, Sebastião recorreu aos amigos e familiares para ajudar no custeio dos seus estudos. No final do ano passado (2023) ele fez uma vaquinha online, onde pretendia finalizar o curso este ano, mesmo diante das adversidades financeiras, profissionais e burocrática que era imposta pela faculdade particular.

Segundo informações o que mais estava preocupando Sebastião Peixoto e fazendo com ele desanimasse do seu sonho de se tornar médico era os maus tratos e desumanidade que ele estava recebendo e sofrendo na unidade hospitalar, onde ele estava fazendo o internato e a morosidade e falta de transparência da faculdade que ele tinha vinculo, mas que não dava ouvidos as suas reclamações e denuncias. Diante da situação insustentável, ele recorreu ás redes sociais para fazer os seus devidos desabafos:

Desabafo:

No último, dia 03 de novembro, Junior fez um desabafo em sua conta privada do Facebook, relatando as dificuldades enfrentadas no ambiente de trabalho, mais precisamente no hospital, onde ele fazia o internato do curso.

Alguns dos desabafos em forma de graves denúncias. Junior chega a acusar advogados de favorecer hospitais, além de suposta propina para que estudantes possam mudar de local. Junior alerta que é expôs assuntos que outros estudantes não tiveram coragem de falar por medo de represália da própria universidade.

Nas denúncias ele é bem enfático em dizer que está vivendo dias difíceis cheios de plantões sem descanso, mas que está enfrentando do seu jeito. Ele alega em uma das mensagens que não sabia que o internato seria dessa forma na Bolívia cheio de castigos e punições, muitas vezes ele relata que fazia plantões de 24h a 48h, privado de higienização básica como tomar banho, trocar de roupa, dormir e etc, no entanto, as suas denúncias não surtia efeito por que ele não era ouvido institucionalmente, principalmente, pela universidade e tão pouco pela direção do hospital.

No que diz respeito ao Consulado –Geral do Brasil em Cochabamba ele relatou que: “não interfere em situações de maus tratos e nem presta ajuda”. Ele relata na mensagem que: “já houve caso de suicídios aqui e que ninguém se preocupou em investigar a fundo as razões,” relatou Sebastião nas redes sociais.  

O nosso site Tribuna da Chapada entrou em contato com a sua esposa a senhora, Sunner Hidalgo Soto de Peixoto, diretamente da Bolívia para melhor entendermos a situação e as causas da morte de Sebastião Peixoto e inicialmente ela relatou que infelizmente autopsia confirmou que foi suicídio a causa de sua morte.

Perguntamos se ele deu sinal que poderia se suicidar e ela respondeu que: “Ele não deu sinais de que iria cometer tal coisa, a última coisa que me disse foi que estava quase na hora de deixarmos este país. Ele amava a vida, amava sua família, suas duas filhas e a mim. Não consigo explicar quanto dano eles causaram a ele ultimamente para ele ver isso como a única saída.”

Durante a entrevista a esposa de Sebastião se emocionou e relatou ainda que ele teve punições ridículas devido as suas denúncias, ninguém ouvia ele, sobretudo, por ser estrangeiro. A senhora Hidalgo Soto finalizou dizendo que Sebastião era muito gentil, estudioso, adorava medicina, era o sonho dele, estava entusiasmado em realizar o sonho dele de ser médico, mas ao ver tanta injustiça e corrupção da Universidade de Udabol começou a se decepcionar ao longo da sua trajetória.

Ainda segundo a sua esposa, “Ele sempre buscou o auto aperfeiçoamento, ele era formado em enfermagem, era psicanalista, então eu, como esposa dele, nunca acreditei que ele fosse capaz de fazer algo assim. Ele queria voltar para o seu querido Brasil para praticar a profissão e poder pagar empréstimos de dinheiro que foram solicitados para realizar esse sonho, agora graças à maldade dessas pessoas que tanto o pressionaram ele viu isso como a única saída, ele não queria voltar derrotado para seu país, então ele continuou em frente, mas o custo era muito alto.”

O sepultamento de Sebastião Peixoto aconteceu na Bolívia por que a família terminou não tendo condições financeiras para fazer o translado do corpo para o Brasil, mesmo diante de uma vaquinha virtual que foi realizada com essa finalidade e de arcar com as despesas fúnebres.

TRIBUNA DA CHAPADA