Itaberaba

Opinião: Ansiedade e autocobrança na vida adulta

Por: Psicóloga Gabriela Araujo dos Santos – CRP 06/149759

A ansiedade é uma emoção natural presente em todo ser humano, geralmente ativada diante de situações percebidas como ameaçadoras. No entanto, ela pode se tornar um problema quando surge de forma insistente e desproporcional na vida do indivíduo. Infelizmente, muitos adultos têm enfrentado esse tipo de ansiedade exacerbada. No Brasil, o quadro já se configura como um problema de saúde pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), somos o país mais ansioso do mundo.

Um dos fatores que mais contribuem para o aumento da ansiedade em adultos é a sensação de autocobrança excessiva. Ela leva a pessoa a se julgar constantemente, ampliando inseguranças e gerando a percepção de insuficiência. Como consequência, muitos adultos tornam-se mais frágeis emocionalmente e passam a perceber as situações cotidianas como altamente ameaçadoras. É nesse ponto que a ansiedade desproporcional se instala: alimentada por uma insegurança extrema, ela faz com que o indivíduo seja mais controlado pelos medos criados pela própria imaginação do que pela realidade.

Essa autocobrança é ainda intensificada por fatores externos, como a sobrecarga de informações decorrente da popularização das redes sociais, a cultura da alta performance que vende a ideia de que precisamos ser produtivos e impecáveis aos olhos dos outros e a comparação constante com a vida alheia. Esses elementos geram uma sensação persistente de inadequação e insuficiência.

Os reflexos disso já podem ser vistos nos prontos-socorros brasileiros, onde se tornou comum a chegada de pessoas com crises de ansiedade e pânico, acreditando estar sofrendo um infarto. O número de afastamentos do trabalho por esgotamento emocional também cresce a cada ano, revelando a ligação entre a ansiedade e outros problemas, como estresse e depressão.

A ansiedade também pode se manifestar de forma silenciosa, por meio de sintomas físicos e psicológicos sutis, afetando significativamente o bem-estar. Entre eles, destacam-se dores musculares frequentes, dificuldade para dormir, irritabilidade, problemas de concentração e até alterações digestivas.

Por trás da ansiedade, muitas vezes, existem questões profundas. O desejo por uma vida mais tranquila e equilibrada ecoa dentro de cada um de nós. No entanto, para alcançá-la, é necessário questionar o que realmente é essencial, aprender a desacelerar e se reconectar com aquilo que verdadeiramente importa.

Este artigo de opinião não reflete necessariamente a nossa linha editorial.

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