Educação

Seabra: relato de um professor sobre a unificação das Escolas Estaduais e o início das aulas na próxima segunda-feira (10)

Opinião:

Como já é de conhecimento da comunidade seabrense, a rede estadual de ensino da cidade formada pelo Colégio Estadual de Seabra (CES), Colégio Estadual Filinto Justiniano Bastos (Filinto) e Centro Estadual de Educação Profissional Letice Oliveira Maciel (CEEP Letice), a partir de 2025 oferecerão seus serviços educacionais para a juventude seabrense no prédio do CES, com parte da política do governo de oferta do ensino integral em escolas reformadas e equipadas.

A despeito de não ter nenhuma normativa, portaria ou publicação em Diário Oficial do Estado comunicando essa mudança, os prédios do CEEP Letice e do Filinto já foram cedidos à prefeitura de Seabra, abrigando o novo CAPS e uma escola municipal respectivamente. Por conta dessa nova realidade, imposta às pressas durante as férias, iniciamos a Jornada Pedagógica da rede estadual, no dia 03/02/2025, em um ambiente marcado pelo recorrente descaso da Secretaria de Educação (SEC) e do governo do Estado com a estrutura física e mental dos professores e professoras que são tratados como tijolos ou sacos de cimentos jogados ao sabor de interesses kafkianos imperscrutáveis.

Porém, para além do desgaste emocional de mudanças abruptas e mal planejadas das escolas, o que vimos no CES era uma escola que ainda precisava de muitas reformas para abrigar os quase 100 educadores e os quase dois mil estudantes para as atividades de ensino – aprendizagem. Vimos salas sem ar-condicionado, sem estrutura de energia elétrica ou água e faltando até o mobiliário. Os prédios ainda precisam das finalizações e do aval da CONDER, entidade responsável por fiscalizar a ordem e a segurança das instalações. A escola possui um refeitório com uma capacidade de atendimento muito aquém do necessário (200 vagas para 700 estudantes por turno, em média) e a todo momento sofre com quedas de energia.

Para além dos problemas estruturais, passamos por diversas dificuldades nos campos administrativo e pedagógico. Até a quinta-feira (06/02) não tínhamos certeza sobre quais turmas seriam ofertadas na escola uma vez que a SEC a todo momento abria e fechava turmas por critérios alheios à nossa realidade, dificultando o planejamento das atividades pedagógicas, das áreas de conhecimento e dos componentes (disciplinas). Como planejar algo se não sabemos nem para quais turmas iremos trabalhar? Somente na sexta essa situação foi relativamente acomodada, gerando uma perda de tempo no planejamento escolar.

Além disso, temos o impasse das matrículas em tempo integral na cidade. De acordo com a política educacional do governo do Estado as matrículas das turmas novas devem ser ofertadas apenas na modalidade integral com aulas que se iniciam pela manhã e terminam por volta das 15h da tarde, ocupando tempo do contraturno. Como sabemos, a juventude seabrense é tradicionalmente trabalhadora, exercendo atividades remuneradas no contraturno das aulas pelas mais diversas razões, em sua maioria por conta da vulnerabilidade econômica que infelizmente assola a maioria da população da nossa cidade. Isso implica em uma baixa demanda pelo ensino integral que gera uma série de consequências como a dificuldade para planejar e organizar a logística do transporte escolar, que funcionará em horário diferenciado em relação às outras escolas do município, e a própria gestão das matrículas e turmas uma vez que a insistência na oferta dessa única modalidade implicará em uma escolha onde a necessidade econômica infelizmente falará mais alto do que o direito à educação.

Indiferente às recomendações dos professores reunidos durante em documento formulado durante a Jornada Pedagógica e enviado ao NTE-03 no dia 06/02, o Núcleo Territorial de Educação – 03 orienta, por meio de ofício circular emitido no dia 07/02 que as aulas devem iniciar no dia 10/02 de qualquer modo e afirma que os problemas decorrentes do transporte devem ser resolvidos pela unidade escolar, o que é absurdo uma vez as questões que impedem o trabalho docente são de responsabilidade de outras esferas além da nossa capacidade e formação.

Deste modo a SEC e o NTE se mostram incapazes de entregar aquilo que prometeram e jogam para os professores a responsabilidade pela sua incompetência em entregar uma escola estruturada em tempo hábil para garantir as atividades de ensino-aprendizagem. Transformam a improvisação e o “jeitinho” na regra da educação pública e são os verdadeiros algozes da qualidade da educação na Bahia. Solicitamos a presença da mídia seabrense na escola para verificar por si mesma a situação estrutural da escola e do transporte dos estudantes, para cumprir com seu papel de fiscalizar o poder público e informar a comunidade seabrense sobre a realidade da reforma no CES.

Autoria: Professor da Rede Estadual

É importante salientar que este texto não reflete, necessariamente, a opinião deste meio de comunicação (Tribuna da Chapada), que desde já se coloca a disposição para qualquer outra versão dos fatos aqui citados.

tribunadachapada.com

Prof. Rodriggo Santana é o editor chefe e responsável pelo site Tribuna da Chapada e atualmente professor da Rede Estadual formado em História pela UNEB campus XIII de Itaberaba, radialista de formação habilitado com DRT para atuar no Rádio e TV, pós graduado em Jornalismo digital e comentarista político do Jornal do Meio Dia da Nova Web FM de Seabra.

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